A mulher no cinema contemporâneo
Juliana Monteiro
Introdução
A transição do Cinema Clássico para o Cinema contemporâneo, no final da década de 60 até o início da década de 70, foi marcada pela saída do cinema da temática acadêmica tradicional imposta por Hollywood para uma visão renovada do cinema como um todo. No final dos anos 60, diversos eventos desencadearam uma grande revolução cultural entre as mulheres, os negros, os gays e outras minorias que reivindicavam liberdade de expressão e uma voz dentro de uma sociedade pautada no conceito familiar patriarcal, religioso monoteísta e capitalista. Nessa transição, temáticas politicamente engajadas tomaram o lugar do cinema tradicional procurando retratar de forma fiel a realidade vivida pelos personagens em seus diversos meios de convivência social. Não se tratava de um cinema realista como o neo-realismo italiano; o cinema contemporâneo contava com obras de produções bem cuidadas e atores de primeira, cujo enredo tratava sempre de uma temática de questionamento político e social, algumas vezes até, indiretamente; não eram politicamente corretos e retratavam uma sociedade mistificada e glamourizada por Hollywood.
Após esse período revolucionário o pensamento do cinema passou a mudar de rumo. Segundo Robert Stam, a teoria cinematográfica passou a se pautar sobre três grandes pensadores – Althursser com o Marxismo, Saussure através da Semiótica e Significação e Lacan com a Psicanálise - que contribuíram, através de suas pesquisas, para o desenvolvimento de novas temáticas da teoria do cinema. (STAM; 2003, pág. 192). Uma dessas novas temáticas é o pensamento feminista empregado no contexto cinematográfico.
Apresentada como uma figura frágil e sensível, por meio de um discurso construído no contexto de uma sociedade patriarcal e machista, a mulher por muito tempo teve um papel claro a desempenhar na sociedade: o de dona de casa, mãe e boa esposa. O movimento feminista já questionava a