A Razão na História Segundo Hegel
“Se olharmos a história racionalmente, ela nos olhará racionalmente de volta” [1] Essa citação de Hegel expõe, em linhas gerais, o que o filósofo alemão compreende por Filosofia da História; ou seja, a observação refletida dos fatos históricos. O Idealismo Absoluto de Hegel não permite uma separação entre realidade e pensamento, o que não significa que a História deva ser, em vez da expressão mais fiel dos dados, uma composição por especulação filosófica. A conclusão que expõe a razão na história, verificada em seu olhar que dirige-se de volta ao filósofo, é o resultado da análise filosófica dos fatos expostos na História. Essa conclusão é única e necessária, e tem grande importância na Filosofia sistemática de Hegel, pois, o Espírito, que é razão, se autodesenvolve na História.
Para evitar tal confusão de significados, Hegel distingue, no capítulo 1 de sua Filosofia da História, três tipos de História. Resumidamente, são eles: 1. História original, que refere-se a uma passagem do fenômeno exterior para a representação intelectual, para a posteridade, realizada pelos historiadores que presenciaram o próprio momento histórico, 2. História refletida, que abrange diversas categorias de exposição que influenciam no conteúdo factual daHistória Original, culminando em um tipo de “História conceitual”, de certa forma semelhante à 3. História Filosófica, abordagem racional dos fatos históricos como todo que, por meio da contemplação e especulação sobre estes, desenvolve um autêntico pensamento histórico filosófico.
É relevante notar que a História, para Hegel, começa apenas com os “povos cientes de sua existência e vontade” [2]. Essa condição é realizada apenas na criação do Estado, o que implica dizer que agrupamentos de pessoas em famílias, tribos, comunidades ou demais alianças não constituem ainda a realização formal da Idéia presente no grupo. Para entender melhor o que Hegel quer dizer com “Idéia” e “Espírito” é necessário