A objetividade do psicodiagnóstico
A subjetividade deve, então, ser admitida, incorporada ao processo, como elemento que confere a ele confiabilidade. A relação interpessoal se torna mais um dos instrumentos do psicodiagnóstico, certamente, o mais importante, decisivo.
O psicodiagnóstico é uma descrição de como o cliente se expressa neste encontro que é sua relação com o profissional e que diz respeito ao seu modo de ser no mundo. No psicodiagnóstico, o psicólogo descreve o modo de ser no mundo do cliente, a partir de seu encontro com o psicólogo e por meio do encontro. Não se trata de uma descrição fria e objetiva, mas de uma descrição viva da pessoa, “em relação com”. Na medida em que o psicólogo alcança esta compreensão e consegue comunicá-la ao cliente, ultrapassa a compreensão em si e atinge o objetivo da ajuda. Pelo retorno (devolução) numa relação interpessoal em que o nível de ameaça é reduzido, a pessoa se descobre, revela aquilo que estava encoberto (negado ou simbolizado de modo distorcido) e reorganiza, reestrutura sua noção do eu. Percebendo-se de modo diferente, como consequência, passa a agir de modo diferente.
Sobre esse ponto, cabe fazer algumas considerações:
1. O psicólogo alcança uma compreensão do cliente gradativamente, à medida que a relação interpessoal se desenvolve;
2. O psicodiagnóstico não se encerra no momento em que o psicólogo alcança uma compreensão do cliente. Quem deve compreender e compreender-se é o cliente. Um laudo de psicodiagnóstico não tem nenhum valor como peça arquivada na pasta do cliente. Não se faz psicodiagnóstico para elaborar um laudo, mas para retorná-lo ao cliente. 3. Não se faz psicodiagnóstico para encaminhar. O encaminhamento pode até ocorrer, mas o psicodiagnóstico não deve ser visto como uma instância que precede o atendimento e que vai definir de que tipo de atendimento o cliente