Ocampo explica que a concepção do processo psicodiagnóstico é nova. Tradicionalmente era considerado “a partir de fora”, como uma situação em que o psicólogo aplica um teste em alguém, e era nestes termos que se fazia o encaminhamento. Em alguns casos especificava-se, inclusive, que este, ou testes, se deveria aplicar. A indicação então como “fazer um Rorschach” ou “aplicar um desiderativo” em alguém. O objetivo fundamental de seu contato com o paciente era, então, a investigação do que este faz diante dos seus estímulos apresentados. Deste modo, o psicólogo atuava como alguém que aprendeu o melhor que pôde, a aplicar um teste. O paciente por sua vez representava alguém que cuja presença é imprescindível, alguém de quem se espera que colabore docilmente, mas que só interessa como objetivo parcial, isto é, como “aquele que deve fazer o Rorschach ou o Teste das duas pessoas”. Tudo o que desviasse ou interferisse em seu sucesso era considerado como uma perturbação que afeta e complica o trabalho. O psicólogo trabalhou durante muito tempo com um modelo similar ao do médico clinico que, para proceder com eficiência e objetividade, toma a maior distancia possível em relação a seu paciente a fim de estabelecer um vinculo afetivo que não lhe impeça de trabalhar com a tranquilidade e a objetividade necessárias. Ainda na opinião do autor, o psicólogo frequentemente agia assim, e ainda age por carecer de uma identidade solida que lhe permita saber quem é e qual é seu verdadeiro trabalho dentro das ocupações ligadas a saúde mental. Por isto tomou emprestado, passivamente, o modelo de trabalho do médico clinico, que lhe dava um pseudo-alívio sob dois aspectos. Por um lado negando as diferenças e não pensando para não distinguir e ficar, de novo desprotegido. Assim utilizavam-se os testes como se eles constituíssem em si mesmos o objetivo de psicodiagnóstico e como um escudo entre o profissional e o paciente, para evitar pensamentos e sentimentos que mobilizassem afetos.