A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX, de João José Reis.
Livro: A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX, de João José Reis.
1.INTRODUÇÃO
1.1 Problema em torno do qual o livro se constrói
O objeto central do livro é o episódio que ficou conhecido como "Cemitarada", a revolta popular ocorrida em 25 de outubro de 1836, na cidade de Salvador. Inicialmente convocada pelas irmandades e ordens terceiras de Salvador, contou com uma multidão formada por membros de todas estas e também da população em geral, que no acontecimento destroem o cemitério do Campo Santo, recém-inaugurado. O autor busca compreender essa revolta de caráter multiclassista e pluriracial problematizando-a com o contexto político-cultural da época e seus desdobramentos que levaram ao levante.
1.2 Discussão historiográfica sobre o tema
Inicialmente, Reis aponta como a historiografia brasileira é escassa sobre o assunto. O que podemos encontrar são trabalhos focados em determinado aspecto em relação a morte, mas não necessariamente das atitudes do homem diante da morte. Não apenas Reis falou sobre essa insuficiência historiografica, mas também Maria Luiza Marcílio. Eles observaram que são sobretudo cientistas sociais, antropólogos, sociólogos e psicólogos que se empenharam sobre o tema no Brasil.
Clarival do Prado Valladares, trouxe uma importante obra sobre a evolução da arte cemiteral. Adalgisa A. Campos e Affonso Ávila abordaram em seus trabalhos a morte barroca mineira
Reis destaca uma historiadora brasileira, Katia Mattoso, que foi de suma importância com seu trabalho sobre como estudar as atitudes diante da morte,na Bahia, a partir de testamentos de escravos libertos. Pouco depois dela, é publicada uma tese de mestrado de Inês de Oliveira, de forma semelhante ao trabalho de Mattoso.
O autor também faz uma rica discussão historiográfica com os estudos sobre a morte feitos na Europa, que mais ampla que no Brasil, permitiu uma reflexão sobre as transformações ao longo da