Resenha João José Reis
REIS, João José. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.
Uma forma não só de representação social e de solidariedades entre os indivíduos do grupo, mas também uma certa maneira de representar politicamente diversos segmentos da sociedade. As confrarias, especialmente as irmandades e ordens terceiras, constituíram um ponto fundamental na organização social do Brasil setecentista e oitocentista e, é nesta temática, que o nosso autor veio abordar. O funcionamento das confrarias e sua dinâmica interna foram explicadas eximiamente por Reis mostrando uma escrita que, embora com termos claramente acadêmicos, é de fácil compreensão e leveza.
Cada irmandade deveria possuir um altar com seu santo patrono dentro de uma igreja ou construir um templo próprio para sua divindade, além disso, para o reconhecimento das irmandades era necessário ter seu estatuto aprovado pelas autoridades eclesiásticas. Os laços de solidariedade dentro delas se baseavam não só em indivíduos que tinham mesma ocupação ou situação econômica parecida, mas também em questões étnico-raciais. A restrição para entrada de novos membros devido a cor da pele não ocorria em todos os casos, especialmente em meados do século XIX o próprio João Reis cita a abertura de determinadas irmandades para aceitação de indivíduos que não tinham mesma etnia do grupo que eles iriam ingressar. As irmandades se sustentavam economicamente através de seus membros que pagavam com jóias, anuidades, esmolas e legados de testamento.
Uma característica importante dessas confrarias era sua estreita ligação com o santo devoto. “A atitude em relação aos santos refletia tanto uma preocupação com o destino da alma após a morte quanto uma busca de proteção no dia a dia, particularmente proteção do corpo, estratégia de enganar a morte” (REIS,1991, p.59). O catolicismo empregado incorporava diversas práticas pagãs como, por exemplo, o uso de