A morte é uma festa: Ritos fúnebres e revolta popular no Brasil no século XIX, João José Reis.
A morte é uma festa: Ritos fúnebres e revolta popular no Brasil no século XIX, João José Reis.
Capítulo 3:
França
O autor começará o capítulo com uma frase de Freud em que ele diz: “O objetivo derradeiro da vida é sua própria extinção”. A questão que será colocada durante o decorrer das análises não é o objetivo em si, tendo visto que já foi “definido” pelo psicanalista, mas sim as formas de lhe dar com a morte que o homem possui. Será visto as diversas atitudes diante da morte. O autor começa informando que no Ocidente Católico, e na França em particular, existia uma proximidade dos vivos com os mortos. Isso significa dizer que a família e os parentes acompanhavam o moribundo até seus últimos momentos, não havia uma separação radical como há hoje, essa divisão entre vida e morte, sagrado e profano. A missão dos vivos para com os seus mortos era de que houvesse um cuidado, realizando todos os ritos, para que dessa forma ele não representasse um perigo físico especial ou espiritual. Foi um período denominado por Philippe Ariès de: “morte domesticada”.
Com o passar do tempo, já no século XVIII, e com o advento do iluminismo, foi detectado uma mudança nas formas de relação dos vivos com os mortos. Uma mudança que trouxe afastamento e a perda de rituais que antes eram considerados não só importantes, mas essenciais durante o funeral como: invocação dos santos, pedidos de missas etc. Esse processo foi chamado de descristianização. Isso trouxe várias reverberações culturais que alteraram o significado da morte. Aos poucos os mortos passaram a ser velados e enterrados privadamente, pelo círculo íntimo da família. Usando novamente uma expressão do autor Ariès, ele chama essa nova mentalidade de “morte selvagem”. Expressão que outros autores usaram é individualista.
Um das causas desse afastamento da igreja foram as novas informações trazidas pelos médicos higienistas da época que mostraram o suor, a urina, as fezes e animais mortos eram fontes de infecção