A Moral Érotica Grega e Contemporânea
Embora o autor não tenha realmente dado em Fragmentos de um discurso amoroso uma definição explícita do que seja o amor (já que sua finalidade com esse livro seria elaborar uma espécie de “dicionário dos apaixonados” acerca de algumas palavras que adquirem um significado próprio quando relacionadas a amantes), a partir das definições feitas acerca das palavras presentes no discurso amoroso feitas pelo próprio Barthes e das deduções acerca do que estas significam nos trechos selecionados pelo autor, é possível definir de forma mais clara o sentido dado no livro para o que denominam amor, e é esse exercício que se propõe aqui ser feito em primeira instância, com base em trechos do próprio livro:
“Abraço: O gesto do abraço amoroso parece realizar por um momento para o sujeito, o sonho da união total com o ser amado...” (pág. 30)
“O intrantável: Ao contrário de tudo e contra tudo, o sujeito define o amor como valor.” (pág. 34)
Ao analisar os trechos citados, é possível notar o primeiro problema a ser superado a fim de começar a interpretação, ao menos da obra Fragmentos de um discurso amoroso, que seria a indissociação de paixão e amor. Nesse livro e em qualquer discurso que se propõe a tratar de um desses dois temas, não há como delimitar claramente onde começa e onde se finda a paixão para que se comece a utilizar a noção do amor. Amor e paixão não se dissociam, porém são diferentes, então, para evitar falar de paixão como se fosse amor, ou vice-versa, e tornar possível a análise dos trechos de Barthes sem esse tipo de receio será utilizado o termo moral erótica, já que este é um termo que engloba ambas as noções.
Ao analisar os primeiros trechos pode-se observar um padrão que irá se repetir por todo o livro, e, como será mostrado mais a frente, no próprio livro O banquete, de Platão, o repete que seria o fato direcionar ou relacionar a moral erótica com as ações e ideias do amante e nunca do amado, ou seja,