A invenção do Conceito do Homes
Um saber não mais especulativo, e sim positivo sobre o homem. Apenas nessa época, e não antes, é que se pode apreender as condições históricas, culturais e epistemológicas de possibilidade daquilo que vai se tornar a antropologia. O projeto antropológico supõe:
1) A construção de um certo número de conceitos, começando pelo próprio conceito de homem, enquanto objeto do saber;
2) A constituição de um saber que não seja apenas de reflexão, e sim de observação, isto é, de um novo modo de acesso ao homem, que passa a ser considerado em sua existência concreta, envolvida nas determinações de seu organismo, de suas relações de produção, de sua linguagem, de suas instituições, de seus comportamentos (saber empírico);
3) Uma problemática essencial: a da diferença. Coloca-se pela primeira vez a questão da relação do impensado, bem como a dos possíveis processos de reapropriação dos nossos condicionamentos fisiológicos, das nossas relações de produção, dos nossos sistemas de organização social. Inicia-se uma ruptura com o pensamento do mesmo, e a constituição da ideia de que a linguagem nos precede, pois somos antes exteriores a ela; 4) Um método de observação e análise: o método indutivo. Os grupos sociais podem ser considerados como sistemas "naturais" que devem ser estudados empiricamente, a partir da observação de fatos, a fim de extrair princípios gerais, que hoje chamaríamos de leis.
- Este projeto de um conhecimento positivo do homem – isto é, de um estudo de sua existência empírica considerada por sua vez como objeto do saber – constitui um evento considerável na história da humanidade. Definitivamente constitutivo da modernidade, verdadeira revolução do pensamento – que instaura uma ruptura tanto como o "humanismo" do Renascimento como com o "racionalismo" do século clássico. 1) Natureza dos objetos observados o objeto de observação nessa época era mais o céu, a terra, a fauna e a flora, do que o homem em