A inclusão e as relações entre a família e a escola
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A Inclusão e as Relações entre a Família e a Escola
(Mônica Pereira dos Santos)1
Introdução
A perspectiva da relação entre família e escola pouco tem sido tratada na literatura do ponto de vista educacional, e sim predominantemente clínico. Freqüentemente, estas relações têm sido caracterizadas por laços de ‘autoridade’ por parte da instituição escolar, que muitas vezes mais se assemelham a laços de autoritarismo, dado o lugar que a escola ocupa, no imaginário da instituição familiar, de lugar de saber, que lhe confere autoridade sobre rumos e decisões a serem tomados sobre seus próprios filhos.
Entretanto, com o advento da oficialização, em Declaração Mundial, da proposta de Educação para Todos (em Jomtiem, Tailândia, 1990), o quadro destas relações tem sido transformado, senão na prática, pelo menos no plano das recomendações. É que a Educação para Todos trouxe à tona o paradigma da Inclusão e, com este, a importância de se analisar os fenômenos educacionais de um ponto de vista múltiplo, que considere todas as dimensões implicadas nos referidos fenômenos. Assim, a família passa a adquirir um outro status nestes processos: o status de quem não apenas é fonte de origem do alunado, mas também o de quem provê as primeiras formas de relações educativas, ainda que num ambiente não escolar.
Por outro lado, as mesmas mudanças nos cenários internacional e nacional quanto aos rumos da educação no terceiro milênio têm implicado numa reavaliação do papel da escola e da forma como esta se organiza, tanto no sentido de suas respostas às necessidades educacionais dos alunos, quanto no sentido de sua própria identidade enquanto instituição social. Assim é que as instituições escolares têm também passado por uma transformação de seu status: o daquela que muitas vezes acaba ocupando um lugar que ultrapassa os limites da ação pedagógica e da relação ensino-aprendizagem, para ocupar espaços de ordem pessoal que