A imprensa e a abolição
Utilizando-se, muitas vezes, de expressões preconceituosas, a imprensa - de ontem, paternalista, de hoje, excludente - ainda trata o negro de forma estereotipada, até por não ter conseguido vencer o racismo impregnado no subconsciente da população ao longo dos séculos, conforme pode-se verificar na forma em que o negro era retratado nos artigos dos abolicionistas, seus “advogados gratuitos”.
Vale ressaltar que no período não existia o conceito de racismo, o que não impediu de o negro ter recibo adjetivos do tipo boçal, preguiçoso, pervertido, bárbaro, ignorante. Aliado a este perfil, durante décadas a historiografia apresentou o negro como sujeito passivo. As mudanças ocorridas tinham sido vitórias de uma elite branca e letrada. Este foi o pensamento vinculado na imprensa da época, composta pelos intelectuais, ou seja, uma parcela dessa elite que desejava extirpar da sociedade brasileira esta macula negra.
Não foi à toa que a implementação de cotas nas universidades gerou e ainda gera tanta polêmica. Por deter o poder da informação, a elite brasileira - em sua maioria, herdeiros de senhores de escravos - resume as propostas de ações afirmativas a apenas uma: cotas nas universidades, não abrindo o mesmo espaço para os defensores das políticas reparatórias. A chamada grande mídia publica artigos desqualificando os afro-descendentes que aderiram a essa proposta, camuflando que o Governo brasileiro é signatário de acordo internacional, acontecido durante a III Conferência Mundial de Combate ao Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, realizada em Durban, na África do Sul, em 2001.
É importante lembrar que muitas