Resenha Crítica - Retrato em Branco e Negro
Um aprofundamento no estudo da representação metamórfica do negro no século XIX
São Paulo
2014
Em Retrato em branco e negro (Companhia das Letras; 284 páginas) a autora Lilia Moritz Schwarcz, antropóloga e professora brasileira, apresenta, inicialmente, um panorama da imprensa paulistana do século XIX (mais especificamente de 1870 até 1900) e suas diversas formas de relação com o conturbado cenário político da época. No contexto de crise do regime monárquico os jornais que conseguiam arduamente certa estabilidade, possuíam papel fundamental na propagação das ideologias correntes.
São três os periódicos que a autora se propõe a analisar nesta primeira parte do livro: “O Correio paulistano”, “Província de São Paulo” e “Redempção”. A escolha não foi ao acaso: cada um desses nomes representava um estilo e uma orientação diferente diante da crise que aflorava no Brasil. “O Correio paulistano”, o mais tradicional do trio, chama atenção pela constante oscilação de postura política que demonstra. Fortemente guiado pelo interesse financeiro e de ascensão no mercado (e não por sua ideologia), não hesitava em praticar um descarado jogo de interesses que pendia, afinal, para o ideal conservador. O “Província de São Paulo”, por sua vez, representava a forte oposição ao Correio já que foi criado justamente para servir de pilar de divulgação das ideias republicanas. Defendia as novas teorias da época e discorria, principalmente, sobre civilização e ciência. Lilia então destrói a superficialidade da questão expondo ao leitor um terceiro jornal que escancara o fato de que, apesar de aparentemente rivais, os dois primeiros se assemelham em um aspecto: são quase totalmente omissos em relação a abolição da escravatura. O “Redempção”, por sua vez, foge ao molde e, usando uma