A Importância do Não

Tenho ficado surpresa com a dificuldade dos pais em dizer NÃO para os filhos. Muito se ouve sobre o bloqueio que a palavra “não” pode causar na criança e por muito tempo, eu que sempre tive contato com os pequenos, ouvi educadores dizendo que devemos substituir o não por algum sinônimo que não cause censura demasiada. Muitos pais retiram o “não” do vocabulário para compensar a ausência diária desse mundo moderno cheio de trabalho e ocupações, mas a criança tratada com amor verdadeiro, ainda que por um curto período do dia, consegue perfeitamente entender um não. Nosso amor não é somente prazer, é também responsabilidade. Pedir tudo é típico de toda criança, não porque realmente desejam tudo, mas porque precisam testar até onde vai a flexibilidade de seus pais. Ao dizermos "não" damos a elas a sensação de segurança.

Sabe-se que ao regarmos exageradamente uma flor acabamos por maltratar o jardim, assim como descreveu a razão e a paixão o escritor Khalil Gibran, comparando-as ao leme e a vela: “porque a razão andando sozinha restringe todo o impulso e a paixão deixada a si é fogo que arde até a sua própria destruição.” A vida é assim, dois lados, cada um com seus bônus e ônus, e nenhum sobrevive em harmonia sem o outro.

O "não" é a prova mais difícil de amor, e deve fazer parte da educação e do desenvolvimento de nossas crianças. Uma criança privada de limites toma suas próprias decisões em circunstâncias inadequadas à sua idade, e por melhor que seja a sensação de poder tudo, esta exige uma responsabilidade que não estão preparadas para carregar. É por isso que temos pais ou responsáveis quando pequenos, para que nenhuma criança precise ser adulta na infância. A falta de limites colabora na origem de filhos com sentimento de desamparo, que buscam realização instantânea em todos os desejos, como se apenas o fato de desejar já lhes dessem o direito de receber, e por mais que fiquemos com a sensação de estarmos tirando alguma coisa da criança ao negar-lhe um