A família no século XIX
As heranças têm por ocasião dar início os mais graves conflitos interfamiliares. Às vezes esses conflitos são mais crescentes nas sociedades rurais, onde a propriedade é uma questão de sobrevivência. No final do século XIX, ao recorrer a justiça como uma forma de substituir a vingança privada acaba-se por assinalar o recuo do senso familiar, expondo assim os segredos da família em praça publica. E os pais operários e os filhos adolescentes que querem se emancipar o dinheiro torna-se um ponto de atrito.
A família não é apenas um patrimônio. É também um capital simbólico de honra, sendo assim tudo o que arranha sua imagem de família perfeita, é uma ameaça. O erro sexual, um filho ilegítimo, é escândalo bem maior do que a falência. Na maioria das vezes a desonra chega do lado das mulheres que nessa época é o ícone da vergonha.
O nascimento de um filho ilegítimo é uma reprovação muito forte, explica-se então o recurso da mãe solteira ao abortar o filho e também a prática do parto clandestino e ao abandono da criança. Nessa sociedade do século XIX o filho ilegítimo é visto sob esses termos: fruto podre, flagrante da infidelidade conjugal, vergonha sem remissão da moça que perdeu a virgindade. Essas crianças quando nascidas e não assumidas, são explorados, sofrem todos os tipos de humilhação. Seguem do orfanato para o reformatório como um caminho natural e de lá são enviados para servir o exército e passam a viver na caserna. Já as mães solteiras que decidem assumir o filho recebem uma ajuda que equivale ao preço