Possibilidades de pesquisa nas correspondências da família teixeira (segunda metade do século xix – 1960).
Resumo: No alto sertão da Bahia, sobretudo no século XIX e meados do século XX, a escrita de cartas foi uma prática comum entre as elites letradas, sobressaindo-se como um dos principais meios de comunicação. O dinamismo dessa atividade é comprovado pelo grande contingente de correspondências produzido, por exemplo, pela família Teixeira. São cartas que oferecem inúmeras possibilidades de pesquisa nas diversas áreas do saber. Apresentar tais possibilidades, enfocando especialmente um grupo de correspondências pertencente ao político Deocleciano Pires Teixeira, é o objetivo deste texto.
Atualmente, o fax e o email representam a modernização da troca de cartas, uma forma de comunicação cuja origem se perde na Antiguidade. Embora substituídas pelas novas tecnologias, a preservação de tais documentos têm evidenciado a sua importância histórica, de modo que, como salientou Antônio Gómez (2002, p. 13), sem elas “é difícil imaginar a vida pública e privada, de pessoas tão habituadas a escrevê-las”. Durante algum tempo, as correspondências despertaram um interesse particular entre os literatos. Isso se justifica, segundo Ângela Gomes (2004, p. 8), pelo simples fato de que “o texto é o centro da produção literária e suas características semânticas e culturais são fundamentais à atividade de pesquisa e ensino nessa área do saber.” Em virtude disso, vários trabalhos resultaram de “olhares literários” lançados, por exemplo, nas correspondências de Euclides da Cunha, Lima Barreto, Carlos Drummond de Andrade, Monteiro Lobato, e outros destaques da literatura brasileira. Entretanto, nas últimas décadas, observou-se um crescente interesse dos historiadores por documentos como cartas, diários, e outros que fazem parte do gênero “escrita de si”. Paralelamente,
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Mestre em História (UNEB - Campus V). Professora de Cultura Documental e