Slenes, robert w. na senzala uma flor: esperanças e recordações na formação da família escrava. brasil sudeste, século xix. rio de janeiro: nova fronteira, 1999.
Resenha do 2° Capítulo.
Os argumentos sobre a existência e importância da família escrava no sudeste oitocentista dificilmente serão contestados, pois ao contrário do que muitos históriadores afirmavam de que a vida dos cativos era marcada pela promiscuidade e a violência, e que a instabilidade das uniões e a promiscuidade, consideradas características da vida escrava imposibilitava a formação de família escrava. Slenes traz dados que afirmam a existência de familias escravas dentro dos cativeiros. No capítulo segundo, o quadro da demografia escrava em Campinas foi comparado aos estudos sobre outras regiões de grande lavoura em São Paulo e Rio de Janeiro, Slenes utilizou de fontes primárias, principalmente os censos populacionais, registros paroquiais e inventários.
Os estudos regionais permitiram observar características comuns na demografia de diferentes propriedades e setores econômicos ao longo do século XIX. Assim, a análise dos dados sobre a nupcialidade dos escravos em diferentes localidades, conforme o tamanho do plantel, evidenciou a estabilidade da família escrava ao longo do tempo sem excluir a tensão nas relações entre senhores e escravos. Para Slenes a formação de laços de parentesco e a preservação de heranças culturais africanas passam a ser entendidas como formas de resistência à política senhorial. O autor afirma que a defesa da formação e manutenção da família pelos escravos inseria-se na luta por espaços de autonomia no cativeiro, enquanto que para o senhor isso poderia significar um meio de exercer maior controle sobre os cativos.
Slenes defende a ideia de que a família escrava não deve ser considerada um elemento estrutural do domínio escravista, uma vez que as relações familiares não enfraqueceram a resistência dos escravos diante de seus senhores, mas pelo