A ESCRAVIDÃO NA ECONOMIA POLÍTICA
A ESCRAVIDÃO NA ECONOMIA POLÍTICA
Antonio Penalves Rocha*
RESUMO: O artigo desmistifica certos pressupostos da ideologia liberal aínda presentes na historiografia contemporânea da escravidão, tais como o argumento da suposta carestía do trabalho escravo ou de sua incompatibilidade com mudanças tecnológicas. O autor analisa as origens da ideologia abolicionista enquanto paradigma dos fisiocratas e dos economistas clássicos. O fim da escravidão foi visto por Adam Smith e seus seguidores como condição sine qua non para o advento da livre iniciativa. A idealização do trabalho assalariado tomou-se um pressuposto da construção da utopia liberal, enquanto que para a utopia do operariado o trabalho livre somente se tornará realidade com o socialismo.
UNITERMOS: abolicionismo, escravidão, ideologia liberal, trabalho assalariado, economia clássica.
A tentativa de apreender o significado do anti-escravismo da Economia
Política, no período que se estende dos meados do século XVIII ao primeiro terço do século seguinte, constitui o objeto deste trabalho. No entanto, ela será feita dando prioridade a um dos aspectos desse assunto; de fato, este trabalho faz parte de uma pesquisa bem mais ampla sobre o mesmo tema, onde as idéias dos principais economistas políticos europeus que trataram da escravidão foram analisadas. Nele houve a preocupação de enquadrá-las quer dentro da lógica que deu forma às grandes linhas do pensamento econômico de cada um dos diversos economistas do período considerado, quer em relação à escola econômica a que pertenceram '. Nesse lugar, portanto, a análise foi feita no plano sincrônico, e uma análise diacrônica, que aqui será apresentada, constitui a conclusão geral do assunto.
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T r a t a - s e da tese de doutorado apresentada à F F L C H da U S P , em 1989, intitulada
O Nascimento da Economia Política no Brasil,
Departamento de História - F F L C H / U S P '