As controversias de baptiste say
A primeira crítica de peso às opiniões de Say sobre a escravidão apareceu em 1806, num livro intitulado Dos sistemas de economia política, de Charles Ganilh, no qual examinou suas opiniões sobre a escravidão e reprovou o argumento de que o escravo produzia mais e gastava menos do que o trabalhador livre.
Como foi visto, para Say o trabalho do escravo era mais produtivo porque tinha seus limites fixados pelas faculdades do escravo e pela ganância do senhor, ao passo que os do trabalhador livre eram determinados pelas suas faculdades e vontades. A esta teoria, Ganilh contrapôs uma outra, já consagrada: o chicote do feitor não é superior à motivação que o "atrativo do prazer, da vaidade e da ambição" dão ao homem livre, além do que o temor "diminui suas forças, interrompe o esforço e paralisa a atividade" do trabalhador. Enfim, comparando o interesse do trabalhador livre com o medo do escravo, viu no primeiro o desenvolvimento da "aplicação, destreza e inteligência" e no segundo, "a preguiça, a inércia e a estupidez" (Ganilh, 1809, I:219).
Quanto à opinião de que o consumo do trabalhador livre era superior ao do escravo, tornando conseqüentemente este gênero de trabalho mais caro, Ganilh ponderou que "talvez ela não fosse muito exata". De qualquer modo, ao empregar este princípio Say mergulhava numa contradição: "destruía inteiramente uma doutrina que se esforçava por estabelecer". Ganilh referia-se a uma das mais importantes teses de Say: a "lei dos mercados (debouchés)", segundo a qual a produção gera automaticamente a procura por outros produtos, já que os produtores só têm interesse em vender seus produtos porque desejam comprar outros. Sendo assim, escreveu Ganilh, "o trabalhador livre não pode gastar mais e produzir menos que o escravo. Maiores gastos supõem mais produtos, porque nunca, e em nenhum lugar do mundo, alguma coisa foi trocada por coisa alguma. Toda despesa supõe um produto