As observações de Jean-Baptiste Say sobre a escravidão
Say sobre a escravidão
ANTONIO PENALVES ROCHA de economia política de Jean-Baptiste Say, publicado em 1803, encontram-se umas poucas páginas com observações do autor sobre a escravidão negra. Mas, a despeito do pouco espaço que ocuparam, elas chamaram a atenção dos contemporâneos e provocaram controvérsias porque demonstravam ser o trabalho escravo mais barato e produtivo do que o trabalho livre.
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O TRATADO
Há boas razões que convidam a um reexame dessas observações. Primeiro, elas tinham um caráter singular não só por contrariarem tudo o que havia sido escrito anteriormente sobre o mesmo assunto dentro da Economia Política, mas também por jamais terem sido defendidas ou adotadas posteriormente. Segundo, depois de pouco tempo, em 1826, na quinta e última edição do Tratado durante sua vida, Say desdisse tudo o que havia afirmado anteriormente. Terceiro, a notoriedade do autor era de tal ordem que, ainda em vida, Jean-Baptiste Say foi elevado à condição de um dos principais expoentes da Economia Política, tanto pelas suas atividades docentes, como o primeiro professor desta disciplina da história da França, quanto pelos seus escritos, que o tornaram o pai fundador (1) da principal corrente da Economia Política francesa do século XIX. Além dessas razões, deve-se lembrar ainda que as idéias de Say sobre a escravidão foram discutidas por diferentes gerações de letrados brasileiros do século XIX, sendo que alguns leram a edição de 1803 do Tratado, e outros a de 1826, apreendendo, desse modo, opiniões sobre a escravidão de um mesmo autor radicalmente diferentes. O conhecimento, portanto, da trajetória dessas idéias nas diferentes edições do Tratado de economia política permite também compreender melhor um ponto da história intelectual do antiescravismo brasileiro.
De qualquer modo, as opiniões de Say sobre a escravidão encerram algumas questões. Por que o autor construiu uma explicação econômica singular da