A derrocada da escravidão e a transição para o trabalho assalariado

533 palavras 3 páginas
O fim da escravidão não foi somente um problema social, mas também econômico que nunca é demais lembrar o peso e o significado que vem acompanhado disso. Desta maneira, a libertação do escravo é muito além dele passar da posição de escravo para o de trabalhador assalariado. O que temos que ter em mente é que ele passou a receber um salário, mas estava limitado ao nível de subsistência que era prevalecido. Sendo importante ressaltar que algumas vezes nada diferenciava da vida que levava da época que era escravizado.
Furtado discute, então, duas perspectivas possíveis quando se fala do fim da escravidão.
A primeira decorre de um modelo em que não há terras disponíveis para serem ocupadas quando se finda a escravidão. Neste caso, os antigos escravos, embora agora proprietários de sua força de trabalho, não têm fins alternativos para alocá-la senão para seus antigos senhores; assim, o antigo senhor passa a ser o novo capitalista, que paga um salário de subsistência ao seu antigo plantel. O resultado líquido é que apenas a condição legal do escravo foi alterada, não sua condição efetiva. Foi o caso, por exemplo, da ilha de Antígua: estando todas as terras ocupadas, os escravos não tinham a opção de migrar; desse modo, sujeitavam-se aos seus antigos senhores, que em colusão tácita haviam se decidido pelo pagamento de salários de subsistência, evidenciando que a condição legal do escravo fora alterado, mas sua realidade pouco ou nada se alterara. A segunda ocorre quando a oferta de terras é perfeitamente elástica. Neste caso, os escravos têm a opção de expandir a fronteira agrícola, trabalhando por conta própria em economias com caráter de subsistência, ou trabalhar para os senhores que pagam salários. Como há a possibilidade de os escravos trabalharem para si próprios, os antigos senhores são obrigados a pagar salários mais altos que o de subsistência se desejarem manter sua força de trabalho. O resultado geral é, portanto, que a condição efetiva do escravo é

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