IMIGRAÇÃO, RACISMO E NAÇÃO DO SÉCULO XIX AO XX
Paulo Divino Ribeiro da Cruz – UFMT/CNPq
RESUMO
Partindo da perspectiva Pós-Colonial, analiso as influências do pensamento racista europeu e norte americano na construção do conceito de Nação, na imigração européia e as interferências destes fatores no processo de desqualificação e subalternização do negro.
Palavras Chave: Racismo, Imigração, Nação
A Perspectiva Pós-Colonial
A passagem da Monarquia para a República, a imigração européia do século XIX ao XX e a Abolição assinalam uma das mais importantes transições da História do Brasil. A partir de 1850 o processo Abolicionista ganha maior força e dimensão, também neste ano que se promulga a Lei de Terras. Neste período se registra uma expressiva entrada de imigrantes europeus na condição de substitutos da mão-de-obra escrava nos latifúndios produtores de café e, posteriormente, nas mais diversas atividades econômicas no âmbito urbano.
O impedimento do acesso à terra por parte dos ex-escravos e de colonos, a imigração e a passagem para o trabalho assalariado mudaram a base produtiva e as relações de produção, sem, no entanto interferirem na organização social de fundo da sociedade, que permaneceu oligárquica, excludente e conservadora. Essas transformações reclamaram a redefinição do conceito de Nação e o estabelecimento de um novo conjunto de prioridades que adequassem o Estado às novas exigências do momento histórico, rearticulando o papel de cada classe e/ou segmento social dentro do contexto do capitalismo nascente.
Por isso, não se trata apenas da passagem de um século ao outro, da derrocada do escravismo e emergência do trabalho assalariado, ou da substituição da Monarquia pela República. Tampouco esses movimentos podem ser compreendidos como processos independentes. Esta é a transição mais importante para a configuração do que conhecemos como Brasil moderno. Todas as heterarquias que chegam à América a partir de 1500 são atualizadas,