A dama das camélias

[HAVIA UMA VELA ACESA. DEITADA SOBRE A CAMA ESTAVA MARGUERITE COM O VESTIDO ABERTO E UMA DAS MÃOS SOBRE O CORAÇÃO, E A OUTRA CAIDA DE LADO. HAVIA SOBRE A MESA, UMA PEQUENA BACIA COM AGUA PELA METADE E VIA-SE SANGUE.]
MARGUERITE: (Pálida e com a boca entreaberta tentando tomar fôlego) Ah, é você? Também está doente?
ARMAND: Eu estou bem. Você esta muito mal?
MARGUERITE: Já me acostumei. (enxuga com o lenço as lágrimas causadas pela tosse.)
ARMAND: Vejo você se matando, gostaria de ser seu amigo, ou mesmo seu parente para lhe impedir de fazer tanto mal a si própria.
MARGUERITE: Não vale a pena se preocupar. Todos sabem que nadam podem fazer com essa doença, ninguém mais se preocupa comigo. (Se olha no espelho, arruma os cabelos e abotoa o vestido.)
MARGUERITE: Vamos voltar para a mesa?
(Armand pega sua mão e a beija. E chora.)
MARGUERITE: Mas como você é criança!
ARMAND: Posso parecer uma criança, mas me preocupo de verdade com você. Nunca tive tanto interesse por outra mulher. Por favor, não continue a viver como vive.
MARGUERITE: Curar-se é bom para quem tem família e amigos, mas mulheres como eu sempre acabam abandonadas.
ARMAND: Se você quiser cuidarei de você como um irmão, até que seja curada.
MARGUERITE: Diga-me, está apaixonado por mim?
ARMAND: Talvez, quem sabe um dia eu lhe diga.
MARGUERITE: Dessa paixão só poderão resultar duas coisas: se eu não o quiser, ficará com raiva de mim, mas se o quiser, terá perto de você uma mulher doente e deprimida, que gasta uma fortuna por ano e para você essa situação não é boa.
ARMAND: Desde a primeira vez que a vi, sinto que vou enlouquecer de amor.
MARGUERITE: Seja apenas um amigo, podemos conversar e rir juntos, mas não ponha em mim um valor que não mereço.
(Prudence entra)
PRUDENCE: O que estão fazendo aí?
MARGUERITE: Estamos numa conversa séria. Iremos logo.
(Prudence sai)
MARGUERITE: Esqueça as palavras de amor que me disse.
ARMAND: Então vou embora para longe. Falo sério quando digo que a amo