A Crise Da Modernidade
A CRÍTICA DA MODERNIDADE: BREVES REFLEXÕES DE ANTHONY GIDDENS,
IMMANUEL WALLERSTEIN, DAVID HARVEY, MILTON SANTOS E EDGAR
MORIN
CLÁUDIO TADEU CARDOSO FERNANDES (*)
Antes de chegarmos a uma abordagem sobre a “crítica da modernidade”, cuja discussão envolve suas conseqüências e contradições, faz-se necessário um esforço de compreensão, a partir de Giddens, do que vem a ser a própria “modernidade”, buscando-se também comparações com as idéias de alguns outros autores que tratam do tema. Utilizamos aqui a expressão “esforço de compreensão” pelo fato de que nem sempre há muita clareza sobre o que é a “modernidade” na literatura corrente, onde ocorrem sensíveis diferenças de percepção entre alguns autores, principalmente quanto a uma situação no espaço e no tempo, havendo mesmo quem argumente que já teríamos chegado a uma “pós-modernidade”.
Giddens (1991) nos convida a identificar as descontinuidades que separam as instituições sociais “modernas” das ordens sociais “tradicionais”. Buscando uma primeira aproximação, o autor diz que a modernidade “refere-se a estilo, costume de vida ou organização social que emergiram na Europa a partir do século XVII e que ulteriormente se tornaram mais ou menos mundiais em sua influência”. Para ele, isto associa a modernidade a um período de tempo e a uma localização geográfica inicial, “mas por enquanto deixa suas características principais guardadas em segurança numa caixa preta”. Em trabalho mais recente, Giddens
(2002) emprega o termo modernidade num sentido mais geral, referindo-se “às instituições e modos de comportamento estabelecidos pela primeira vez na Europa depois do feudalismo, mas que no século XX se tornaram mundiais em seu impacto”, sendo que a modernidade “pode ser entendida como aproximadamente equivalente ao mundo industrializado, desde que se reconheça que o industrialismo não é a sua única dimensão institucional”. O autor argumenta que o mundo industrializado se refere “às relações sociais implicadas no uso