A crise da arte
Pasquale Foresi
Tradução: José Maria de Almeida
O ponto de partida do ensaio focaliza a crise do pensamento provocada pelas grandes mudanças em nível social, cultural, político, técnico-científico, que abalaram sensivelmente muitos países, a ponto de afetar toda a humanidade. Algumas considerações sobre os pressupostos da arte e da estética, aplicados em vários campos, podem ter um significado e uma importância fundamentais para a sociedade. Abba, São Paulo, v. 5, n. 3, pp. 33-40.
Minha intenção é fazer algumas considerações não tanto sobre a arte ou sobre a estética em si, mas sobre alguns pressupostos da arte e da estética, os quais, aplicados a esse campo, podem parecer de importância fundamental.
Crise do pensamento
Partamos daquilo que se observa na vida da humanidade nestas últimas décadas. O que ficou mais evidente foram as grandes mudanças, em nível social, cultural, político, técnico-científico, que sacudiram sobretudo alguns países, mas de tal maneira, e de modo tão crescente, que afetaram toda a humanidade. Com essas revoluções ou inovações verificou-se uma profunda crise no campo social, e na área do pensamento. É uma crise que deu origem ao que poderíamos chamar de ceticismo: não se acredita mais nas possibilidades de o pensamento poder afirmar verdades racionais; ou seja, desconfia-se do valor da razão. Isto se percebe em todos os campos. No pensamento filosófico, hoje, ninguém pode afirmar que exista “a filosofia” a ser seguida. Mais do que fazer filosofia, muitas vezes os interessados limitam-se a fazer a história das idéias filosóficas, e não se encontram personalidades capazes de inovar profundamente o pensamento. No campo católico,
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Pasquale Foresi em particular, não satisfaz mais aquele modo de entender a realidade segundo o sentido realista medieval; desse modo, procuram-se outros caminhos. No nível teológico, encontramos uma série de opiniões, as mais disparatadas, que surgem e desaparecem, que se