urbanismo espaço e ambiente
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Giulio C. Argan - História da Arte como
História da Cidade. São Paulo, Martins
Fontes, 1998
Terceira Parte — CRISE DA ARTE, CRISE DO
OBJETO, CRISE DA CIDADE
17. A CRISE DO DESIGN
Existe uma crise profunda do design. Ela atingiu mais visivelmente o product design e a ideia da gute Form como resultado da colaboração entre os artistas e os técnicos da indústria. Na realidade, ela diz respeito a toda a esfera do projecto e das metodologias relativas. A crise é explicada, em geral, pela condição actual da economia capitalista, o salto de qualidade da tecnologia industrial, o progresso da cultura de massa simultaneamente com a difusão do consumismo, a contradição entre o rápido desenvolvimento das ciências e das técnicas e a tendência à conservação política. A crise manifesta-se como uma divergência crescente entre programação e projecto. A programação, como preordenação calculada e quase mecânica, tende não mais a preceder o projecto, mas a substitui-lo como procura de soluções dialécticas para as contradições que se vão determinando sucessivamente na sociedade.
O projecto ainda é um processo integrado numa concepção do desenvolvimento da sociedade como devir histórico; a programação, por sua vez, apresenta-se como a superação da história enquanto princípio de ordem da existência social. Toda a cultura ocidental, a partir da Idade Média, colocou o conceito de história como estrutura orgânica de toda sociedade baseada em uma finalidade comum a todos os seus membros. Isto é, a ideia de história está associada a uma concepção teleológica que encontra no ato de projectar seu momento prático. A própria moral, em substância, não é mais do que uma ordem projectista que a humanidade dá à sua existência. A programação, ao contrário, tira dos indivíduos toda escolha e decisão, conferindo-as ao poder. E, como tende à repressão até mesmo violenta de qualquer contradição ao seu sistema, nega à sociedade