A cidade antiga
CAPÍTULO III
Da continuidade da família: celibato proibido; divórcio em caso de esterilidade. Desigualdade entre o filho e a filha
As crenças relativas aos mortos e ao culto que lhes era devido constituíram a família antiga e lhe deram a maioria das suas regras. O homem após a morte era considerado um ser feliz e divino, mas com a condição de que os vivos lhe oferecessem sempre a refeição fúnebre. Se essas oferendas viessem a cessar, era a desgraça para o morto, que caía na condição de demônio infeliz. Por isso cada pai esperava de sua posteridade a sério de banquetes fúnebres que deviam assegurar aos seus Manes o repouso e a felicidade, toda família devia perpetuar-se para sempre. Cada qual tinha, por conseguinte, muito interesse em deixar após si um filho, convicto de que disso dependia a sua imortalidade feliz, era ate um dever com os antepassados, cuja felicidade só devia durar enquanto durasse a família. A maior desgraça que sua piedade tinha a temer é que a sua linhagem se extinga, visto que então a sua religião desaparecia da terra, sua lareira se extinguiria, toda a série de seus mortos cairia no esquecimento e na eterna miséria. O celibato devia ser ao mesmo tempo uma grave impiedade, porque o celibatário punha em perigo a felicidade dos Manes da família, por que ele próprio não devia receber nenhum culto após a morte e não devia conhecer o que agrada aos Manes, o celibato deixou de ser proibido pelas leis, continuou a sê-lo pelos costumes, isso em conforme as crenças o homem não se pertencia, mas sim a família, era um membro de uma série, e era preciso que a série não terminasse nele. Não nascera por acaso, haviam-no introduzido na vida para que continuasse um culto, não devia deixar a vida sem ter certeza que o culto prosseguiria. O filho que perpetuaria a religião doméstica devia ser o fruto de um casamento religioso e o bastardo, o filho natural, não