A ação de classe da elite orgânica: o complexo IPES/IBAD e os militares.
A ação de classe da elite orgânica: o complexo IPES/IBAD e os militares.
No oitavo capítulo de seu livro “1964: a conquista do Estado. Ação Política, Poder e Golpe de Classe” (p.261-297), René Armand Dreiffus analisa a relação entre as Forças Armadas e a sociedade civil na organização dos eventos que culminaram com o golpe de 1964. Segundo Dreiffus, a queda do governo João Goulart foi arquitetada tanto na caserna quanto em salas de reuniões de grandes empresas e políticos. O autor demonstra que foi através do complexo IPES/IBAD que essa relação se estreitou ainda mais. A elite orgânica enquanto aparelho de classe foi fator decisivo para o sucesso do golpe, haja vista o complexo IPES/IBAD ter sido financiado por grandes empresários brasileiros e de multinacionais. Foi por intermédio do IPES que as forças opositoras ao governo de Jango fizeram um poderoso lobby no Congresso Nacional, elegendo um grande número de parlamentares de centro-direita, com o intento de barrar os projetos do governo, levando João Goulart ao isolamento político.
Dreiffus teve acesso a documentos que comprovam a participação norte-americana através de contatos com o IPES. A elite orgânica, através do complexo, foi patrocinada pelo governo norte-americano nas ações paramilitares.
Segundo o autor, a presença do complexo IPES/IBAD nas forças armadas tinha por objetivo estabelecer juntamente com os oficiais da ESG (Escola Superior de Guerra) um movimento de neutralização e minimização de qualquer tipo de apoio militar a diretrizes políticas socialistas ou populistas.
Dreiffus nomeia os mais diversos oficiais das forças armadas que juntamente com representantes da elite orgânica, todos lotados no IPES em diversas capitais brasileiras, pertenciam aos mais variados grupos de trabalho. As operações Militares e de Informação do IPES eram coordenadas pelo General