Causas politicas das vitórias dos golpistas

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Em seu conhecido estudo sobre os militares e a política no Brasil, o sociólogo norte-americano Alfred Stepan, constatando a existência de uma relação de causa e efeito entre a extensa distribuição espacial das unidades militares e a dispersão do "decision- making power" ("poder de decisão") no Exército brasileiro, conclui que um "broad political consensus" ("amplo consenso político") entre os militares é necessário para que eles possam empreender uma ação política "decisiva" contra um "presidente eleito" [1]. Mas pode-se verdadeiramente afirmar que a amplitude do consenso político deve ser, para os militares, proporcional à extensão da distribuição espacial dos corpos do Exército?

Sim, diria Stepan, na medida em que a dispersão espacial implica na autonomia operacional. A esse título, teria constituído "fator crucial" na "crise civil-militar" de 1961 e de 1964 [2]. Sem dúvida, é razoável supor que as chances de que os chefes militares, tentando impor sua vontade política ao conjunto do aparelho, choquem-se com uma resistência por parte dos escalões inferiores da hierarquia, são proporcionais à autonomia operacional de cada unidade.

Menos razoável parece-nos classificar como "fator crucial" o aspecto geográfico da autonomia operacional. Como compreender, com efeito, que o mesmo fator possa, com três anos de intervalo, conduzir a resultados opostos, isto é, ao fracasso da intervenção militar em 1961 e a seu sucesso em 1964? Questão tanto mais pertinente quando se sabe que, em 1961 como em 1964, o Terceiro Exército, isolado no Rio Grande do Sul, teve a mesma atitude, recusando-se a aderir ao golpe de Estado. O que mudou nesse ínterim foi a correlação política de forças entre partidários e adversários de Goulart. Do fator geográfico, no caso a distribuição espacial dos corpos do Exército pode-se dizer o que o general Giap disse a propósito da função da floresta na guerra de guerrilhas: ela é neutra e ajuda apenas os que se ajudam a si próprios.

De resto, a

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