Golpe militar
Na ocasião dos 40 anos deste golpe veio à luz uma onda que já estava na boca dos golpistas desde 64. No Rio, em vários debates, timidamente, se tentou vender gato por lebre, num processo de total falsificação histórica. Começou-se a falar que os militares teriam dado um contragolpe. Algo como um golpe preventivo. Se não tivesse vindo aquele golpe de direita, teria vindo outro, de esquerda. Afinal, nesta linha de raciocínio, aquele foi um golpe legítimo... Ou, poderíamos dizer, necessário. Ao ler estas novas-velhas teses não dá para não pensar nos que na Alemanha, hoje, negam o holocausto de Hitler. A história de milhões de judeus e centenas de milhares de comunistas exterminados nos campos de concentração não passaria de fantasias doentias. Ao escutar falar de contragolpe, ou de golpe preventivo, a comparação com a negação do holocausto me veio automaticamente à cabeça. Nesse caso, estas afirmações têm uma claríssima explicação ideológica: justificar o nazismo. Para isto é preciso embaralhar a verdade e fazer esquecer tudo.
O mesmo acontece com a conversa do contragolpe. Nesta afirmação não há nada de histórico, a não ser uma profunda falsificação, apoiada na falta de memória de muitos. Ela se baseia na visão absolutamente ideológica de que direita e esquerda são a mesma coisa. Quase como se dissesse: “Afinal, somos todos iguais. Precisamos ser realistas... a luta de classes acabou, a história acabou. E, desculpem alguma coisa, vamos viver em paz com o capitalismo neoliberal”.
Para os mudaram de lado, se arrependeram de seu passado de esquerda e precisam se justificar, a teoria do contragolpe e do golpe preventivo cai como uma luva. Camufla seu arrependimento.
Um discurso ótimo