Videogame não é brinquedo
Por Nathália Nunes Viegas
“Eu não acho que jogos digitais sejam cultura.” Foi esta a resposta de Marta Suplicy ao pesquisador e design de games Francisco Tupy, em 19 de fevereiro de 2013, quando questionada sobre a inserção dos jogos eletrônicos no vale-cultura, um cartão no valor de 50 reais que permite ao trabalhador brasileiro usufruir do lazer cultural.
A declaração da ministra na Assembléia Legislativa de São Paulo, gerou grande descontentamento entre a comunidade geek, grupo de pessoas que se interessam e pesquisam sobre o universo tecnológico e eletrônico, e levou à ACIGAMES (Associação Comercial, Industrial e Cultural dos jogos eletrônicos do Brasil) a criar um abaixo assinado em favor da inclusão, que conta com mais de 8000 assinaturas até agora.
A tecnologia, o consumo e os games
O Artista 3D, Fabrício Campos, afirma que parte desse preconceito contra a representação do game como uma expressão artística é a sua construção a partir de ferramentas tecnológicas.
A tecnologia nada mais é do que a junção do grego “tekhne” que signfica “técnica, arte, ofício” mais o sufixo “logia” que significa “estudo”. Se for considerado o seu significado, obras de arte de renome também foram feitas a partir dela. O pincel, a tinta, a tela, todas essas ferramentas são tecnológicas, porém correspondentes a construções artísticas diferentes.
Fabrício afirma que o consumismo também atrapalha a visão do game como arte, porque ele “Faz um game parecer mais um produto do que uma obra de arte. Mas nesse caso, música, literatura, cinema, também estão ligados ao consumismo.”.
Afinal, games são arte?
Após 11 meses da fala da Ministra da Cultura, Marta se redimiu e afirmou que os games são cultura, mas eles ainda não foram incluídos no vale-cultura. O depoimento foi dado durante a abertura da Campus Party 2014, evento que contempla as mais recentes inovações nos campos tecnológicos e eletrônicos, no dia 27 de janeiro.
Os jogos