Verdade em Nietzsche
VERDADE?
Problematizar a verdade foi sempre um dos focos centrais das investigações de Nietzsche. Isto se deve à relação indissociável que sempre esteve presente na história da filosofia entre a busca pela verdade e o pensamento moral. Nietzsche chama de dogmatismo a tentativa de fundamentação metafísica de um valor moral. Para o filósofo, como veremos, as teorias do conhecimento visam, por trás de uma aparente neutralidade, legitimar determinados valores como superiores a outros. Contudo, tal legitimação somente pode existir a partir do momento em que se atribui um maior valor à verdade do que ao engano, relacionando o valor moral com o conhecimento. Sendo assim, Nietzsche se pergunta: por que a verdade? Por que os filósofos de todos os tempos buscaram esta e não outra questão? Por que o chamado impulso ao conhecimento se direciona quase que espontaneamente para a verdade? A este impulso em direção à verdade, Nietzsche dá o nome de vontade de verdade. Com estas perguntas coloca-se em questão não apenas a veracidade de uma proposição, o que mais se diferencia nesta nova abordagem é a pergunta pelo valor da verdade.
Mantendo uma perspectiva crítica em relação àqueles a quem chama de metafísicos, Nietzsche diz que o principal erro destes que procuram a verdade é pressupor que as coisas que mais valorizam não poderiam derivar desde mundo sensível, considerado enganador e fugaz. Ao contrário, deveriam possuir uma origem própria, isto é, única, absoluta, inquestionável, diretamente de algum ponto último que lhes servisse de fundamento, algo como uma coisa em si, um deus oculto ou o seio do ser. Ao observar como se buscou responder a questão acerca da origem da verdade e da moral, percebe que a filosofia metafísica supõe. Como se aquilo que se entende por verdade e aquilo que se avalia como bom já existisse desde sempre e fosse apenas acessado pelo filósofo. Nietzsche chama de
preconceito