Análise resumida do escrito de juventude “Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral” de Nietzsche
A reflexão sobre a verdade é um tema recorrente no pensamento de Nietzsche. Nesta obra ele acaba por criticar a própria ideia de verdade como “valor superior”, como ideal.
O filósofo põe em questão os conceitos de “verdade” e “mentira”, procurando mostrar, em um primeiro momento, o vínculo existente entre “verdade” e “dissimulação”, bem como do papel do intelecto nesse processo.
Em seguida, mostrar que a linguagem possui o papel principal no processo de “dissimulação” da verdade, já que, para o filósofo, desde cedo a filosofia não hesitou em identificar discurso e realidade, ou seja, a julgar verdadeiro ou falso um discurso com base na realidade e em função de descrever corretamente ou não o mundo.
Pode-se dizer que Nietzsche basicamente se pergunta o que ocorreria se a verdade dos enunciados não passasse de um tipo de engano sem o qual o homem não poderia sobreviver e qual a real relação entre verdade e mentira. Tais questões revelariam o caráter dissimulador do intelecto humano, e com ele a suspeita que entre “pensar” e “dizer” não existe nenhuma identidade.
Nietzsche se nega a separar o homem da natureza, afirmando que o intelecto é somente um produto desta e não algo superior e separado, como quer o homem. Além disso, para o filósofo alemão o intelecto é o instrumento concedido aos seres mais infelizes e frágeis, os humanos, para conservá-los ao menos um minuto na existência em um hipotético “estado de natureza”.
O homem criou e aprimorou o conhecimento apenas para satisfazer a necessidade de autoconservação, ou seja, desde os primórdios o conhecer está ligado apenas à sobrevivência e autoconservação. Por isso, o intelecto prioriza noções que sirvam para a manutenção da vida em conjunto, e, por esse caminho, seria “obrigado” a produzir