A Promoção que não deu certo Um banco de investimentos bem estabelecido e próspero de São Paulo decidiu em 2008 que precisava ampliar seus negócios internacionais. O banco não pretendia se tornar uma multinacional propriamente dita, seus sócios acreditavam que o tipo de serviços que ofereciam assemelhava-se mais aos de um profissional liberal do que aos de uma empresa comercial e que, portanto, deviam permanecer relativamente pequenos a fim de poderem ter um maior contato pessoal com seus clientes. O tamanho e o tipo de contato exigido eram, a seu ver, incompatíveis com operações geograficamente dispersas. Mas concluíram que precisavam na alta administração da firma de pelo menos uma pessoa com amplos contatos e uma vasta experiência internacional. Esta pessoa deveria, segundo eles, criar alianças relativamente permanentes com os bancos europeus de investimentos (e talvez até com os japoneses), o que permitiria ao banco adquirir a estrutura, a experiência e a rede bancária mundial que necessitaria para atender seus clientes. Não havia ninguém com as qualificações necessárias dentro do banco. Portanto, pela primeira vez nos dez anos de existência da firma, convidou-se alguém de fora para participar diretamente da sociedade. Seu nome era Ricardo Nogueira, de trinta e cinco anos, que ascendera rapidamente a hierarquia da divisão internacional de um dos grandes bancos comerciais do país. Havia fundado e desenvolvido a filial de Nova Iorque, passando depois a chefiar a importante filial de Londres e finalmente a dirigir todas as operações europeias. Nogueira queria agora retornar ao Brasil para morar; seus filhos estavam começando a chegar à adolescência. Ele sabia que no banco em que estava jamais chegaria à cúpula: estava com a idade errada para isso, pois a alta administração era toda composta por pessoas que ainda não haviam completado cinquenta anos. Sabia também que sua próxima promoção exigiria dedicação às atividades nacionais; e ele adorava os negócios