Um novo paradigma de educação para o desenvolvimento do campo
VICTOR GADELHA PESSOA[1]
JOSÉ JONAS DUARTE DA COSTA[2]
“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento.
Mas ninguém diz violentas
As margens que o comprimem”.
Bertold Brecht
1 – Um novo paradigma de educação para o campo[3]
Vastas foram as leituras teóricas que nos orientaram neste estudo e suas referências encontram-se na bibliografia. Entretanto, destacamos que a obra Pedagogia do Movimento Sem Terra, da autora Roseli Caldart, terá maior influência sobre as demais, pois norteará este trabalho. Neste livro, a autora trata da formação humana oferecida no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e tem como foco a relação dos trabalhadores sem terras com este movimento social sob sua perspectiva pedagógica, enfatizando suas experiências de educação e de escola. Nos Movimentos Sociais do Campo, em especial o MST, a formação humana tem um caráter muito amplo, sendo a escola apenas uma parte desta experiência. Considera-se, por exemplo, que o aprendizado está vinculado ao processo da experiência e não apenas aos programas curriculares dentro das escolas. É o que chamamos de educação nas relações sociais. No processo de formação humana do MST, são oferecidas alternativas que contrariam a indústria cultural do capitalismo, causadora de males como a individualização e a degradação moral do indivíduo. No papel de formação dos processos sociais, o MST destaca a importância da compreensão e valorização da cultura dos Sem-Terras, levando em consideração o seu modo de vida através de gerações, observando a herança de valores compartilhada por eles. Para legitimar seu olhar, Roseli Caldart utiliza a tradição teórica da História Social Marxista, analisando os processos de mudança na sociedade a partir de uma interpretação marxista da história, com ênfase na dimensão cultural. Dessa forma, recorre à análise da história de baixo para cima, considerando como