Ciências sociais

REFUGIADOS E A CRISE HUMANITÁRIA EM DADAAB

Dadaab - localizado no Quênia - foi construído em 1991 quando começou uma guerra civil na Somália após a queda do ditador Mohamed Siad Barre e os líderes de clãs que organizavam movimentos para conquistarem territórios e poder político tomaram a conta do Estado; no mesmo ano até 1992 a Agência da ONU para refugiados (ACNUR) instalou os primeiros assentamentos na região – está localizada em uma das poucas zonas com água - para abrigar os refugiados da guerra civil somali. Eram três campos, com capacidades no total de 90 mil pessoas e tinham a previsão que os campos servissem de acampamento temporário, no entanto atualmente é considerado o maior campo de refugiado do mundo, pois tem mais de 463 mil refugiados e os somalis refugiados estão vivendo em outros países vizinhos, principalmente no Quênia, Iêmen e Etiópia, chegam a mais de 968 mil.
Desde 1991 graves problemas continuam como a fome; a sede; a superlotação crônica; grandes riscos de estupros; as chuvas estacionais; o risco de doenças; a seca; a falta de abrigo; a violência; a disputa pelo poder entre as tribos que comandam e que dividem o país como o Al-Shabaab - o principal deles - que quer impor um regime islâmico no país; os sequestros e as ameaças a trabalhadores humanitários (para evitar isso há toque de recolher sendo não recomendável sair depois das 18h e antes das 7h e para jornalistas o transporte só em comboio policial ou com escolta armada); o governo queniano não fornece cidadania aos refugiados, eles não podem deixar o campo sem permissão e são impedidos de terem aceitação de emprego formal; há escolas primárias em todos os campos, porém não há vagas suficientes para todos completarem o segundo grau e não há ensino superior. As entidades do campo recebem ajuda do mundo inteiro, para a crise atual receberam uma arrecadação de cerca de US$ 24 milhões que veio de países europeus, dos Estados Unidos e do setor privado.

PAUL VIRÍLIO