Trote e formatura como ritos de passagem
Existem rituais em qualquer tempo e em qualquer lugar, e eles são marcas da vida social. Entretanto, na contemporaneidade há a tendência de ignorar a importância dos rituais na vida cotidiana. Muitos associam os rituais às sociedades históricas, às antigas cortes européias e também a sociedades indígenas, além disso, a tendência de considerar os rituais eventos sem importância e de conteúdo “alternativo” é um fato em tempos na contemporaneidade. Mariza Peirano contextualiza os rituais da seguinte forma em seu livro Rituais ontem hoje, “Agimos como se desconhecêssemos que forma e conteúdo estão sempre combinados e associamos o ritual apenas à forma, isto é, à convencionalidade, à rigidez ao tradicionalismo e ao status quo.” (PEIRANO, 2002 p.7). A antropologia sempre levou em consideração a perspectiva do “outro”, neste sentido a definição inicial de ritual tem uma vertente etnográfica. A compreensão e entendimento dos eventos especiais e não cotidianos que existem em qualquer sociedade é ponto de partida para entender as formas de sociabilidade e a vida social de qualquer sociedade. Um segundo ponto para o entendimento é buscar compreender a natureza dos eventos rituais em questão, ou seja, se eles são profanos, religiosos, festivos etc., afinal o que deve ser considerado e analisado é a sua forma específica e não o seu conteúdo explícito. Além disso, não se pode caracterizar um ritual pela aparente falta de relação entre meios e fins, pois esta classificação é associada a uma percepção universal do outro. Como último ponto de análise, deve-se considerar que em cada sociedade há um repertório compartilhado e público de categorias, ou seja, o ritual também está presente no dia a dia. Enfim, esta compreensão dos rituais é um elemento importante para a percepção de que as formas de viver em sociedade, isto é, em tudo aquilo que se faz há um elemento comunicativo implícito. Sendo assim, pode-se considerar o ritual como um sistema cultural e de