Pensamento mitico

Texto 1: O pensamento mítico
(extraído e adaptado de: Aranha, Maria Lúcia. Temas de Filosofia, p. 63 – 69)

Introdução
1 - Quando pensamos em MITO, hoje, em geral, imediatamente nos lembramos de alguns mitos gregos, como o de Pandora, de Narciso, de Hércules, ou ainda de Prometeu, nos lembramos de figuras como a da Esfinge, de Pégaso ou ainda do Centauro. Aqui entre nós latino-americanos nos lembramos de Saci-pererê, da mula-sem-cabeça, de Iara, da Sereia, ou ainda do Boto-homem, dentre outros que povoaram a nossa infância e que têm origem nas culturas popular, indígena ou africana.
2 - Em geral, os mitos primitivos não passariam de histórias fantasiosas que são contadas ao lado das histórias da Branca de Neve ou da Bela Adormecida. O mito, porém, não é isso. Quando ele se transforma numa mera história, numa lenda, ele perde toda sua força de mito. Mas então o que seria o MITO?

O Mito de Gaia
I - Conceito de mito
3 - O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo não crítico, ingênuo, anterior a toda reflexão, de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as orientações da ação humana. Devemos salientar, entretanto, que, não sendo teórica, a verdade do mito não obedece à lógica nem da verdade empírica (*1), nem da verdade científica. É verdade intuída, que não necessita de provas para ser aceita.
4- O mito nasce do desejo de entender e dominar do mundo, para afugentar (*2) o medo e a insegurança. O homem, à mercê das forças naturais, que são assustadoras, passa a emprestar-lhes qualidades emocionais. As coisas não são mais matéria morta, nem são independentes (*3) do sujeito que as percebe. Ao contrário, estão sempre impregnadas (*4) de qualidades e são boas ou más, amigas ou inimigas, familiares ou sobrenaturais, fascinantes e atraentes ou