Tradução:o desejo do impossível

1138 palavras 5 páginas
Tradução: o desejo pelo impossível A prática tradutória, segundo Derrida, não se limita a passagem de um texto de um idioma a outro. O processo de transferência tem início na passagem de uma experiência filosófica, não linguística, para um determinado idioma, uma forma de acesso ao discurso. Associando a isso o fato de que um conceito é o resultado da transposição de algo não linguístico ao linguístico, cabe a tradução o princípio do conhecimento, tendo como momento original a “confusão” entre diferentes linguagens – como destacado por Derrida, no texto “Des Tours de Babel”. Embora não se possa negar a necessidade da tradução, ao menos como um instrumento que possibilita acesso a uma linguagem outra, dentro do discurso sobre a tradução, é constante o conflito entre possibilidade e impossibilidade tradutória. No entanto, Derrida esclarece é a própria questão da impossibilidade que gera a necessidade de tradução, são as diferenças - e não as semelhanças – que tornam a tradução necessária. É a partir do caos que surge a necessidade de estratégias que permitam a compreensão. A noção de impossibilidade, porém, muitas vezes se firma no texto como uma questão imperativa – como colocar Marcos Siscar, em seu artigo “Jacques Derrida, o intraduzível” (p.64). Para entender essa “impossibilidade”, é preciso compreender a noção de “intraduzibilidade originária”, a noção de unicidade presente em um texto no momento de sua concepção. Cada evento, cada texto é uma experiência e uma criação única, que carrega em si particularidades do momento em que foi produzido. A forma de expressar o conteúdo, juntamente com o contexto único que formam o texto, constituem sua alteridade. É referente a esse conjunto, a essa forma de abordar um conteúdo, que a impossibilidade se coloca. Diante da noção de caos como origem da tradução, e da impossibilidade de acesso que gera a necessidade da prática tradutória, o tradutor - tendo a dívida com o texto original e ao mesmo tempo diante de

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