Che cos la fine del poema
Caio Cesar Esteves de Souza
Observação
Este texto foi apresentado como trabalho de conclusão do curso de Literatura
Comparada II, ministrado pelo Prof. Dr. Marcos P. Natali, do Departamento de Teoria
Literária e Literatura Comparada da FFLCH-USP. O contexto de escrita foi o semestre que se inicia imediatamente após a série de protestos de junho/julho de 2013, quando surgiam diariamente vídeos denunciando abusos de autoridade da parte das polícias militares de diversos estados brasileiros. O trabalho carregava consigo, além desse contexto, a seguinte nota prévia:
“ Neste trabalho, a reflexão será centrada em apenas dois textos bastante curtos utilizados em aula: “Che cos’è la poesia?”, de Jacques Derrida, e “O fim do poema”, de
Giorgio Agamben. Os textos são bastante densos e, por isso, a opção aqui adotada é por fazer uma leitura detida dos dois textos de maneira complementar – daí o título do trabalho, mais uma atitude que uma questão a ser respondida –, com maior ênfase no primeiro, sem buscar outras bibliografias críticas ou teóricas. Sei que, enquanto trabalho de conclusão de curso, essa escolha pode demonstrar uma (falsa) falta de interesse de minha parte, por não buscar outras palavras de autoridade para sustentarem a minha reflexão. No entanto, espero que esta se mostre séria o suficiente para compensar o risco que, conscientemente, assumo.”
“Che cos’è la poesia?” é um daqueles textos sobre os quais escrever é um problema e potencialmente uma impossibilidade. Até mesmo a legibilidade do texto é problemática. Para este trabalho, foi utilizada a tradução1 de Tatiana Rios e Marcos
Siscar, adotada no curso, mas que cria um paradoxo muito forte com o próprio conteúdo traduzido. No texto, defende-se que a tradução é uma travessia impossível, desejada como a morte por sempre deixar a desejar em relação ao que promete. Derrida recusa-se a traduzir a pergunta que origina o texto, da mesma forma que insiste em manter vocábulos do