Trabalho intelectual, comunicacao e capitalismo
A re-configuração do fator subjetivo na atual reestruturação produtiva
César Ricardo Siqueira Bolaño[1]
O final do século XX trouxe à luz uma transformação fundamental na história da espécie humana, que alguns puderam detectar, mas não explicar completamente. Trata-se, por certo, de uma reestruturação profunda do capitalismo, induzida pela revolução microeletrônica, que provoca um aumento inusitado das assimetrias e da exclusão. O caráter intrinsecamente contraditório de todo desenvolvimento capitalista abre, não obstante, possibilidades de ação transformadora. A tendência ao apagamento das fronteiras entre trabalho manual e intelectual – que age fundamentalmente hoje no sentido da constituição de uma inteligência coletiva a serviço do capital – carrega também a possibilidade de dissolução do Sujeito filosófico nos sujeitos históricos, classistas, abrindo novas perspectivas de liberação. Urge fazer a crítica da economia política do conhecimento.
Reestruturação Capitalista, Subsunção do Trabalho Intelectual e as Novas Indústrias da Comunicação.
O Capitalismo dos séculos XVIII e XIX era um sistema de mercados basicamente concorrenciais, em que os diferentes capitais individuais eram obrigados a aceitar níveis de preços e salários, determinados segundo um modo de auto-regulação pelo próprio mercado, o que tornava possível a existência do Estado Liberal, não intervencionista, ocupado exclusivamente com as suas funções clássicas de manutenção da ordem e das condições gerais externas necessárias ao processo de acumulação do capital, sem interferir diretamente sobre esta última. Um Estado que garantia, por outro lado a sua legitimidade a partir da existência de uma esfera pública, que Habermas (1961) classifica como crítica e restrita, na medida em que o acesso a ela era limitado por critérios de propriedade e educação. Os debates públicos que a animavam pressupunham a existência do que o autor chama