TELEVISÃO: ENTRE APOCALIPTICOS E INTEGRADOS

A televisão foi, desde o seu surgimento, motivo de acalorados debates sobre sua função e influência na sociedade capitalista. Essa discussão está ancorada num debate ainda maior, ou seja, o da questão da indústria cultural. Humberto Eco ao fazer comentários sobre a indústria cultural lançou o termo apocalipticos e integrados para designar aqueles que viam a formação de uma sociedade de cultura de massa como um traço da decadência da sociedade burguesa e veículos midiáticos como instrumentos de dominação ideológica, mas por outro lado, destacou o papel daqueles que defendiam a indústria cultural e se tornavam parte integrante dela. Não terei como objetivo uma discussão exaustiva sobre esse tema, o que já foi feito em dimensão miguelesca por estudos relacionados a temática da história das comunicações. Vou restringir a discussão da indústria cultural em termos genéricos, apenas para poder pensar o surgimento da televisão nesse debate. Entre os críticos severos, anunciantes dos males e do poder de cooptação e arma maior da indústria cultural do século XX estão Theodore Adorno representante da chamada Escola de Frankfurt, o psicólogo John Condry e o filósofo Karl Popper e em uma dimensão menos apocalíptica, mas não integrada estão Pierre Boudieu e Michel de Certeau. A reflexão sobre o pensamento desses autores se dará com a preocupação de entender a função da televisão e dos programas jornalísticos por ela veiculado, em particular o programa Abertura, exibido pela rede Tupi entre janeiro de 1979 e julho de 1980.
O inicio do estudo da cultura de massa feita por Adorno e Horkheimer está alicerçada no contexto no período da dominação nazista onde a força dos meios de comunicação estiveram a serviço do Estado. A propaganda desenvolvida na Alemanha era semelhante à de Mussolini na Itália, criador do Cineccittà, cidade cenográfica, próxima das construções de Hollywood. O investimento italiano no cinema foi inspirador para os alemães. Os cinejornais e os curta