SOCIEDADE SEM ESTIGMAS: HÁ POSSIBILIDADE?
Giovana Galvanin da Costa
I- INTRODUÇÃO
Historicamente, os antigos gregos, para assinalar aqueles que iam contra as leis da sociedade, que fugiam ao controle social, nomeadamente criminosos ou traidores, eram queimados com ferros incandescentes, e as marcas que advinham deste ato eram denominadas de ESTIGMAS (Neuberg et al., 2000).
Hoje não é bem assim. Antigamente os estigmas ficavam visivelmente marcados no corpo e hoje, nem sempre tais marcas são visíveis. Segundo Coleman et al. (1986), o estigma reflete a cultura e a sociedade, representando um conjunto de constructos sociais e pessoais, um conjunto de relações e relacionamentos, um modelo da realidade. Dessa forma, este fenômeno da estigmatização está relacionado com a interpretação que a sociedade faz a respeito de certas diferenças, marcas ou atributos apresentados pelo indivíduo ou grupo de indivíduos. Tais atributos podem ser físicos, comportamentais, ou diferenças sociais. Portanto, não é o atributo em si que carrega o estigma, mas a interpretação que os indivíduos de uma sociedade fazem dele.
Os seres humanos são diferentes e essas diferenças são potencialmente estigmatizáveis, mas é a cultura que determinará o que será valorizado e desvalorizado de acordo com o controle que deverá exercer sobre a vida social no memento. Por isso, podemos afirmar que a base para o estigma é a diferença (Coleman et al.,1986).
Fazermos comparação entre semelhantes e agrupamentos é natural. O que tornará certos grupos estigmatizados ou não é a interpretação que fazemos ou que a sociedade faz desse grupo.
O poder, a influência e o controle social são fundamentais para o processo de estigmatização. A sensação de superioridade ou de inferioridade que alguns atributos passam para os indivíduos de uma determinada sociedade são aspectos relevantes também nesse processo. “Porque sou branco ou tenho os dois braços perfeitos, por exemplo, sou