Sociedade Criminógena
Valorar a ação humana, e definir se algo ou alguém é indesejável ou não, frequentemente denota a ideia de um direito distinto do Direito positivo (posto e imposto pelo Estado), e fundamentado na ideia de que certo e errado são determinados por um padrão eterno, universal e imutável. Imaginar um Direito Natural significa, portanto postular um Direito de dimensões éticas, isto é, as ideias de justiça no sentido amplo, equivalente a julgar de acordo com o que é direito, reto, íntegro, moral, ético, humano e civilizado, isto está adequado à vida prática, ao senso comum, que é o conjunto de opiniões e sentimentos impostos pela tradição e por pressentimento.
Desse modo, por pressentimento ou tradição somos levados a definir determinadas condutas como irritantes, perigosas e até mesmo como crime, e a reconhecer que existe gente "feia, suja e malvada" irrecuperável por conta de uma "personalidade voltada ao crime". Chega-se assim a concluir que a própria sociedade é criminógena, que produz e reproduz crime e violência, promove desigualdade e exploração, intensificando diferenças e promovendo condições que levam as pessoas a cometerem infrações. A sociedade seria, portanto um "caldo de cultura de criminalidade" - razão pela qual temos "os criminosos que merecemos" e não podemos "acusar ninguém, pois somos todos culpados".
"Todos nós, brasileiros, somos carne da carne dos negros e índios castigados. Todos nós brasileiros somos, por igual, a mão possuída que os castigou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos. (...) A mais terrível de nossas heranças é esta de levar sempre conosco a cicatriz de torturados impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e classista"
Segundo esse argumento, acimas de todas as sociedades que a antecederam, criminógena é a sociedade moderna, capitalista, que, por conta de suas