Sociabilidade violenta
3ª série A
Pobreza não é sinonimo de violência
"É claro que a desigualdade social é um condicionante da violência. Mas, a pobreza não explica o ato. Muitos fatores sociais geram a violência. E esta, ultimamente, tem se desencadeado na rota da riqueza e não da pobreza", declarou o professor do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Sérgio Adorno, durante a mesa redonda em que se debateram "Os condicionantes da violência".
De acordo com o especialista, a violência associada ao crime é a modalidade que tem mais visibilidade por ser mais exposta pela mídia. "Porém, há vários fenômenos relacionais além da agressão física. Agredir direitos e valores das pessoas também é um ato de violência", argumenta. Segundo ele, as modalidades de violência mais decorrentes na sociedade são: crimes cotidianos, como roubo, furto, seqüestro relâmpago; crime organizado, violação da ordem legal; o narcotráfico, que contribui para a escalada dos homicídios no Brasil; a violação dos direitos humanos, exposta pela violência policial, grupos de extermínio e linxamento, por exemplo; e uma modalidade que não é considerada crime propriamente dito que é a violência relacionada à vida social e em comunidade, como as brigas de família e entre vizinhos.
As mudanças na sociedade têm grande interferência no crescimento da violência, ou seja, a politica, o desemprego e a economia têm provocado intensificação nos conflitos em sociedade. Nas áreas em que a condição de vida é mais precária, as pessoas estão mais vulneráveis a praticar e também são grandes vitimas da violência.
No entanto, segundo o especialista, a falta de punição da justiça criminal tem grande peso no crescimento da violência. "As leis estão ultrapassadas, as pessoas não vêm sendo punidas pelos seus atos e os crimes cresceram. A violência esta atingindo toda a sociedade, mas a justiça continua operando como se tivéssemos há 40 anos", declarou.