Soberania e salvação
A teologia de Karl Barth se caracteriza por seu aspecto prático.
Sua
preocupação era tornar a teologia a atmosfera na qual a Igreja respira e vive. Ela é uma disciplina prática por meio da qual a Igreja vive sua experiência de servir ao seu Senhor. Não é sem razão que Hans Küng1 (1928-) afirma que não se pode falar de
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Barth como de qualquer outro teólogo-filósofo clássico, como Hegel, Schleiermacher, Kierkegaard ou Harnack. Isto porque Barth não deixou simplesmente um legado acadêmico; ele contribuiu para transformar a teologia numa base de sustentação para a Igreja ao mesmo tempo em que cabe a ela estabelecer o caminho sólido para o avanço da compreensão da Revelação. 3.1. Três formas de Revelação Como já visto no capítulo anterior,2 foi sua experiência pastoral que o conduziu à reflexão sobre a fé. Isto mostrou-lhe o abismo entre o que havia estudado e o que enfrentava diariamente em seu trabalho pastoral. As pessoas simples de sua comunidade buscavam a palavra do sermão como quem busca pão para saciar a fome. Diante da crise existencial, de nada valia a sabedoria erudita dos grandes teólogos e
KÜNG, Hans. Karl Barth and the Posmodern Paradigma. Em: The Princeton Seminary Bulletin. Princeton. IX:1, 1988. p. 8-31. Küng é um dos principais teólogos da atualidade. Tornou-se um expert em Karl Barth ao defender sua dissertação de doutorado sobre a Doutrina da Justificação em Karl Barth. Ao ser perguntado porque escolheu Barth respondeu que se sentiu fascinado por sua teologia que lembra Aquino, embora a influência decisiva em Barth tenha sido Calvino e Schleiermacher. KÜNG. Hans. Justification: The Doctrine of Karl Barth and a Catholic Reflection. Translated Thomas Collins, Edmund E. Tolk and David Granskou. Louisville: Westminster John Knox Press, 2004; KÜNG. Hans. My Struggle for Freedom: Memoirs. Tradução de John Bowden. Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing Company, 2003. 2