Ritos de violência
Resenha
DAVIS, Natalie Zemon. “Ritos de violência”. In: Culturas do povo. Sociedade e cultura no início da França moderna. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990, pp. 129-156.
Dividido em cinco partes, este ensaio de Natalie Zemon Davis analisa e traz informações sucintas dos conturbados acontecimentos religiosos provocados por católicos e protestantes na França do século XVI, conturbações essas que desencadearam em uma série de violência provocadas por ambas as partes.
Já que essas conturbações e distúrbios foram praticados por pessoas que eram radicalmente religiosas, naturalmente teriam que ter por base para as suas atitudes, algum líder, símbolo, livro ou ídolo religioso que lhes impulsionariam a tais práticas violentas. É com base nesse entendimento que a autora cita no início do texto alguns versículos da Bíblia, mais especificamente os livros de Deuteronômio e II Reis do Antigo Testamento, onde é relatado que Deus ordena que os que servem a Ele (as tribos de Israel), destruam dos outros povos todas as imagens religiosas, aldeias e também as próprias pessoas que ali evocam os seus deuses, e isso fica evidente em todo contexto do trabalho da autora, já que os protagonistas da chamada Guerras religiosas na França do século XVI eram católicos e protestantes que compartilhavam do mesmo livro, a Bíblia Sagrada, que norteava suas vidas, mas que tinham visões e versões diferentes, com cada grupo interpretando a Bíblia do seu próprio modo, gerando consequentemente todo o conflito.
Mas apesar desse entendimento ser evidente em todo o texto, em que o fundo principal de todo o problema entre católicos e protestantes na França do século XVI ser religioso, a própria autora diz que não é o único, que também existiram formas de impacto de violência com fundo na vida social de forma variada entre as pessoas daquela época. (DAVIS, 1990, p. 155). E que havia também um terceiro aspecto a respeito dos levantes religiosos – o político