Ritos de iniciacao
Os ritos variam com os contextos sociais, com as épocas históricas e com as imagens e as práticas que em contínuo reajustamento constroem as nossas identidades, de grupo e individuais. Em muitas regiões do nosso país o enterro do cordão umbilical, a exposição à lua, as bênçãos dos mais velhos são o modo que os vivos e os que já partiram têm de nos acolher e proteger. A bem dizer, a vida é "arranjada", "arrumada" e "acertada" por ritos, os pequenos e os grandes ritos: na entrada para a escola onde novos rituais nos esperam, o primeiro amor, o casamento, o primeiro filho, o sangue fundador que deixa de aparecer e finalmente a morte.
Esses ritos são estruturados por um aparato material e simbólico que lhes fornece a legitimidade, isto é, que os transforma em imperativos identitários. E quando olhamos para as identidades a primeira questão que se nos coloca, remete-nos (e desde o nascimento) para uma condição que tendo como ponto inicial a diferenciação sexual de natureza biológica, nos vai configurando como mulheres e homens. E a utilidade dos ritos é exactamente esta formatação de papéis sociais que oferecem à ordem social do grupo o conforto da sua reprodução.
Entre todos os rituais, os ritos de iniciação são porventura os mais determinantes e sem querer ser positivista, os mais "definitivos". Marcando a passagem da infância para a idade adulta, os ritos de iniciação (rompendo com a neutralidade sexual) informam sobre as expectativas sociais. Estruturados por um grande aparato material e simbólico, eles "dizem" quem nós devemos ser, o que é lícito pensar, falar e experienciar.
No que às mulheres diz respeito os ritos de iniciação enroupados por um conjunto de cerimónias que indo desde as vergastadas às