Resnha
Resistência para viver: as estratégias da condição humana a partir de Vidas Secas , em seus horizontes de transcendência é um trabalho que nasceu inspirado no drama Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Despertou a atenção por apresentar certa tensão entre o apego à vida e as dificuldades de obtenção de recursos primordiais para sua manutenção. As causas decorrentes da organização das sociedades e o que predispõe o homem à intelectualidade produzem resistência para viver. Na análise literária da obra destacamos as características de cada personagem e a relação estreita dos membros da família de Fabiano que apresentam traços idênticos de retração social, marcadamente destacada pela dificuldade de expressão verbal. O teor do romance remete esses personagens à cidade, local onde expõem sua adaptação. Essa realidade torna-se cruel quando o vaqueiro Fabiano sofre prejuízo material em virtude de sua falta de argumentação, nem tanto por impossibilidade intelectual, mas principalmente pela subserviência exigida por sua situação de assentamento em terras do patrão. É nesse contexto que, por meio da análise das estruturas da antropologia cristã, conseguimos compreender as estratégias do espírito na manutenção da vida. O fluxo que liga a vida humana ao mundo exterior e à transcendência nos confere exemplo de esperança provinda da compreensão do que é o homem. Respaldados pela teoria da Antropologia Filosófica de Henrique C. L. Vaz, pela noção de literatura de resistência de Alfredo Bosi e ainda algumas noções da filosofia da metáfora, estudo de Franklin Leopoldo e Silva do pensamento bergsoniano, atingindo a noção de ironia na obra graciliana. Essa postura resistente aproxima o texto de Vidas Secas da dialética socrática. É essa oposição entre a vida e a morte, entre a seca e a cheia, entre a compreensão e a alienação que ressalta a capacidade de