Resenha tradição viva
JULHO 2011
“A escrita é uma coisa, e o saber, outra. A escrita é a fotografia do saber, mas não o saber em si. O saber é uma luz que existe no homem. A herança de tudo aquilo que nossos ancestrais vieram a conhecer e que se encontra latente em tudo o que nos transmitiram, assim como o baobá já existe em potencial em sua semente." Tierno Bokar
Na África, cada ancião que morre é uma biblioteca que se queima. A frase, de Amadou Hampaté Bâ, expressa a importância da transmissão oral no continente e a sensação de ouvir um sábio africano relatar suas experiências: é como se vários livros se abrissem, com uma profusão de detalhes, para dar voz às histórias e às tradições locais.
Ao nos debruçarmos sobre a questão da tradição estamos adentrando em um campo complexo, onde muitas das vezes a subjetividade se faz mais eficaz que a chamada “razão ocidental”, pois partindo da analise que cada indivíduo e consequentemente à cultura que faz parte, carrega dentro de si um mundo particular alimentado por sua vez por um enorme leque de possibilidades e de experiências não só pessoais e coletivas, faz do mesmo um agente particular que mesmo pertencente a uma coletividade, carrega os traços de sua autonomia representados nas suas respectivas ações no âmbito de seu cotidiano.
Neste sentido quando A. Hampaté Bâ nos apresenta a questão da Tradição viva na África, percebemos o quanto que é importante a representatividade do individuo para com sua tradição, no sentido do mesmo ser um agente em ação na manutenção da mesma, a partir das mais variadas formas de expressão culturais.
Dentro desta mesma problemática a importância da oralidade na cultura africana é de uma complexidade e ao mesmo tempo de uma simplicidade que nos faz repensar muitas das certezas fincadas no ocidente.
Uma destas certezas é a importância que a cultura ocidental dá para a escrita, onde os povos que não a usam como forma de