Resenha
RESENHA
Economia política: uma introdução crítica
Rodrigo Castelo Branco*
UFRJ/ UniFOA
REsENHA: Economia política: uma introdução crítica.
NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Economia política: uma introdução crítica. São Paulo: Editora
Cortez, 2006.
Book REviEw: Political Economy: a critical introduction.
NETTO, José Paulo; BRAZ, Marcelo. Political Economy: a critical introduction. São Paulo: Editora
Cortez, 2006.
O que está errado, agora, no nosso discurso?
Alguma coisa? Ou tudo?
Com quem ainda podemos contar?
Somos restos da correnteza viva que o rio depositou em suas margens?
Ficaremos para trás, sem entendermos, sem sermos entendidos por ninguém?
(Bertolt Brecht)
Escritor de peças teatrais engajadas na promoção da emancipação humana, Bertolt Brecht tinha como uma das suas principais motivações redigir textos acessíveis à classe trabalhadora. Respeitando a autonomia (relativa) das artes e seu conteúdo estético específico, ele buscava contribuir efetivamente para a construção de uma sociedade socialista operada pela ação consciente e autoemancipada do proletariado.
Brecht tinha horror ao elitismo teórico. Freqüentemente queixava-se dos textos escritos pelos filósofos da Escola de Frankfurt, em especial Adorno e Horkheimer. Na sua avaliação, os frankfurtianos desenvolveram uma linguagem inacessível aos não-iniciados e, por isso, criavam um abismo
entre suas teorias e a ação revolucionária. Afeito às idéias “grosseiras”, sempre subordinadas – mas não subjugadas –, à prática, Brecht escreveu: “o pensamento não precisa de luz demais, de pão demais, nem de pensamento demais”.
Muita coisa seria diferente se estas elucubrações tivessem tido eco ao longo da história do marxismo. Perry Anderson, no ensaio Considerações sobre o marxismo ocidental, anotou que, ao longo do século XX, particularmente depois da geração pré-primeira guerra mundial – basta lembrarmos de Lênin e sua brochura Imperialismo, fase superior do